wolfgang Kohler (Russo, 1887 - 1967)

Gestaltismo
Kohler e os seus companheiros vão desenvolver todo um conjunto de investigações baseadas na noção de gestalt, termo geralmente traduzido, em português, por forma, mas também por organização, estrutura, configuração.
O Gestaltismo, ou psicologia da forma, nasceu por oposição á psicologia so século XIX, que tinha por objecto os estados de consciência.Kohler, Wrtheimer e kofka vão criticar, concretamente, wundt que, tomando o modelo das outras ciências, procurava decompor os processos mentais nos seus elementros mais simples. Se a fisiologia analisava os órgãos, decompondo-os em tecidos e células, a psicologia deveria decompor os processos conscientes nos seus elementos constitutivos e enunciar as leis que regem as suas combinações e relações. Os elementos mais simples seriam as sensações que, associadas, somadas, constituiriam a percepção.
É contra esta concepção atomista, associacionista, que os gestaltistas vão reagir invertendo o processo explicativo. Enquanto os associacionistas partem das sensações elementares para construir as percepções, os getaltismo partem das estruturas, das formas: nós percepcionamos conjuntos organizados em totalidade. A teoria da forma considera a percepção como um todo. Uma melodia é ouvida como uma totalidade, com um conjunto, e, quando a escutamos, não temos a consciência das notas que a compõe.
Quando percepcionamos, por exemplo, um automóvel, não vejo primeiro o tejadilho, depois as portas, em seguida as roda, percepcionamos o automóvel como um todo, como um gestalt; só em seguida passamos a analisar os elementos dos pormenores.
O todo é percebido antes das partes que o constituem. A forma corresponde á maneira como as partes estão dispostas no todo.
O todo não é a soma das suas partes – na realidade elas organizam-se segundo determinadas leis. Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente. Esta organização é, segundo os getaltistas, essencialmente inata.
Quando olhamos para o céu, numa noite de Verão, percebemos as estrelas, mais ou menos brilhantes, organizadas em constelações. A organização das nossas percepções será estudada pelos gestaltistas, segundo determinadas leis. No exemplo que acabámos de dar, está patente a lei da proximidade: perante elmentos dispersos, temos tendência a agrupar aqueles que se encontram mais próximos, para constituir uma forma; no caso, as constelações.
Os psicólogos da forma põem em causa todo o tipo de explicação simplista. O comportamento humano, os fenómenos psíquicos são de uma grande complexidade, não se podendo reduzir o complexo ao simples. É neste sentido que Kohler e os seus companheiros vão criticar o modelo behaviorista, segundo o qual o comportamneto humano se poderia explicar pela fórmula E→R. Este esquema explicativo é mecânico, não correspondendo à realidade complexa do comportamento humano. Se só reagisse ao mundo exterior de uma forma estereotipada, através de um conjunto de comportamentos aprendidos, de condicionamentos, o ser humano seria incapaz de qualquer comportamento de reacções a estímulos. Resulta de uma organização determinada pelo mundo exterior, pela natureza das coisas, mas integrada na totalidade psicológica do sujeito.
Ao modelo mecânico proposto pelos behavioristas, os gestaltistas apõem um modelo dinâmico.
Apreciação crítica
Os gestaltistas desenvolveram sobretudo trabalhos experimentais sobre a percepção nos animais e no Homem, porque era o campo da psicologia mais acessível À observação. Contudo, acabam por concluir que muitos dos processos inertes à percepção são relevantes noutros domínios: na aprendizagem, na memória, no pensamento.
O gestaltismo representa um processo considerável nas concepções psicológicas. Aliás, as actuais correntes cognitivas têm por base concepções gestaltistas.